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O mar começa aqui

Outro dia havia uma ilustração em um bueiro com o dizer “o mar começa aqui” (figura1), pura verdade. Sabemos que 71 % da superfície da Terra é coberta por água, direta ou indiretamente toda a água que escorre pelo chão termina no mar, de uma bica na serra aos rios de maior calibre. O papel de bala jogado na sarjeta contribui para enfartar o sistema de drenagem das cidades e cedo ou tarde, vai parar no mar também.

Ora, de balas a espaguete, diversos produtos são embalados em plástico, material que passou a ser sintetizado do petróleo no início do século XX. Nas últimas décadas, vimos inundar a nossa rotina objetos de plástico que propiciam praticidade e conforto no dia a dia. Garrafas plásticas, sacolas, copos, canudinhos e fios de nylon, estão intensamente presentes em nossas vidas.

Plástico é material de baixo preço, durável e resistente à degradação, aí é onde mora o problema. Grande parte desse plástico vira lixo, o que fazer com tanto descarte? A sociedade humana produz cerca de 1,4 bilhão de toneladas de resíduos sólidos urbanos anualmente, metade disso pelos 30 países mais ricos, podendo chegar a 2,2 bilhões de toneladas até o ano de 2025, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU,2019).

Em relação à produção de lixo plástico, estudos realizados pelo Fundo Mundial para a Natureza revelam que o Brasil ocupa a quarta posição no mundo, sendo superado apenas por Estados Unidos, China e Índia (países mais populosos que o nosso). Produzimos cerca de 11 milhões de toneladas por ano, 1 kg por semana por habitante. Também somos um dos países que menos recicla plástico: apenas 1,2%, ou seja, 145 toneladas anuais (WWF, 2019).

Parte importante desse lixo vai parar nos oceanos, a ONU sustenta que anualmente oito milhões de toneladas de plástico vão parar neste ambiente, levando 100 mil animais marinhos à morte (Figura 2). Caso este ritmo de consumo continue, em 2050 haverá mais plástico do que peixes nessas águas.

Já o Programa Ambiental das Nações Unidas informa que 90% de todos os detritos dos oceanos são compostos por plástico; há 46.000 fragmentos de plástico em cada 2,5 quilômetros quadrados de superfície. Os estudos ainda informam que para cada quilo de algas marinhas e plâncton, há pelo menos seis quilogramas de plástico, (PNUMA, 2014).

É importante salientar que os mares e oceanos, além de abrigarem uma infinidade de seres vivos, são fonte de alimentos e transporte e são os verdadeiros pulmões do nosso planeta. Sabemos que as algas marinhas absorvem carbono, o que ajuda a regular o clima e são responsáveis pela produção de 54% do oxigênio livre. Sem estes serviços, a temperatura global poderia ultrapassar 100ºC e inviabilizar a vida na Terra.

Plástico é barato e cômodo, mas, se analisarmos o custo ambiental dessas vantagens, perceberemos que vale a pena repensar hábitos de consumo.

É possível começar com hábitos simples, tais como reduzir a quantidade de plásticos e outros materiais consumidos, reutilizar embalagens e utensílios para diversos fins e enviar para a reciclagem o que não for reutilizável. São os chamados três erres.

Os oceanos são fonte de vida, mistérios e histórias (...). A água é o berço da vida, é onde a vida começou, não há vida sem água. Cada ser vivo traz em seu organismo essa marca, o verdadeiro elixir da vida é a água. Para exemplificar, uma pessoa com 70 kg, armazena 45 litros de água em seu organismo, o que equivale a 65% de seu corpo.

E veja que a criança é gerada no ventre materno em uma bolsa d’água, sim, a origem da vida é na água!

É necessário olhar para o mundo e entender que somos parte dele, a água que está em nosso corpo é a mesma água que está nas florestas, nos rios, nas nuvens, na chuva, nos lagos e no oceano. Desde que a hidrosfera foi inaugurada há 3,6 bilhões de anos, cada gota d’água faz parte da mesma água de sempre e está por ai cumprindo o seu ciclo natural.

O mar que ora parece estar tão distante, verdadeiramente está muito mais próximo do que é possível imaginar, está em nosso corpo também. Cuidar do mundo que nos cerca, é cuidar de nós mesmos. A incorreta impressão de que basta tirar do alcance da vista o lixo que produzimos, para que o mesmo deixe de existir, é uma tolice sem fim.

O crescimento demográfico, a forte expansão da industrialização, a exploração de recursos naturais para abastecer uma insaciável sociedade de consumo nos últimos 100 anos, concorreu para que problemas ambientais como: aquecimento global, desertificação, degradação de ambientes e poluição acendessem o sinal de alerta.

Notadamente, depois da segunda guerra mundial, a preocupação da sociedade com o meio ambiente ganhou espaço. Para exemplificar, tivemos diversos encontros mundiais sobre este tema, como a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo (Suécia), 1972, um marco do ambientalismo moderno, onde sua declaração final ressalta que:

…chegamos a um ponto na História em que devemos moldar nossas ações em todo o mundo, com maior atenção para as consequências ambientais. Através da ignorância ou da indiferença podemos causar danos maciços e irreversíveis ao meio ambiente, do qual nossa vida e bem-estar dependem…

 

Outro exemplo foi a Eco 92 que ocorreu no Rio de Janeiro, com o mesmo propósito. Neste sentido, a preocupação com a sustentabilidade do planeta concorreu para que o tema Meio Ambiente e Educação Ambiental fossem contemplados na legislação Brasileira.

É possível exemplificar com o artigo 225 da constituição federal de 1988, o qual reza que:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”

Nessa linha, a Educação Ambiental foi amplamente inserida nos diplomas legais brasileiros que tratam da educação e está presente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Educação Ambiental é a principal aposta, no quesito mudança de comportamento, para corrigir a forma predatória como a sociedade tem tratado o meio ambiente.

Mas, com pequenas atitudes, é possível fazer muita coisa. É necessário repensar o padrão de vida baseado na produção de tanto lixo. O planeta não suporta mais.

Adotar a prática dos três erres (Reduzir, Reutilizar e Reciclar) é um bom começo. Não é difícil fazer coleta seletiva, separar metais, papéis e plásticos para envia-los à reciclagem. O nosso planeta agradece, o nosso corpo também.

 

 

Referência

ONU NEWS/Poluição Plástica Disponível em:< https://news.un.org/pt/tags/poluicao-plastica. > . Acesso em: 10/05/2021

PNUMA - Programa Ambiental das Nações Unidas. Relatório “Valorando o Plástico”. 13 nov. 2019 disponível:.em < https://www.unep.org/pdf/ValuingPlastic >.Acesso em: 10/05/2021.

WWF - World Wildlife Fund (b). Brasil é o 4º país do mundo que mais gera lixo plástico. 04 mar. 2019. Disponível em: < https://www.wwf.org.br/?70222/Brasil-e-o-4-pais-do-mundoque-mais-gera-lixo-plastico >. Acesso em: 10/05/2021.

 

 

 

 

Gladyston Costa
Enviado por Gladyston Costa em 17/06/2021
Alterado em 07/12/2021


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