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Um saci na esquina

Logo cedo e esse saci endiabrado, lá tá ele na esquina assoviando como uma chaleira de água fervente.

Toda a vez que certo menino vem me visitar ele traz consigo este saci. Mas também pudera né! Não há nada mais puro que a inocência de uma criança.

E por aqui, nessa cidade fria e calculista, por vezes ficar encaixotado entre tanto concreto armado faz a alma querer fugir pra longe. O porto seguro é sempre as alamedas decoradas com muitos pés de frutas e bambuzal em algum lugar no passado.

 

Oras, está ai o enigma, bambuzal, todo especialista em caçar saci sabe que eles se escondem por entre os bambus.

 

Lá to eu neste começo de mais um dia agitado, nessa cidade de pedra, tirando o carro da garagem. Caracas!! Duas toneladas de ferro numa única carroça. É ridículo arrastar tanto peso para um deslocamento de não mais que poucas léguas, que lógica sem lógica é essa?

Pois bem, o saci, está longe de ser lenda, aquele menino sabe bem disso.

Farol verde, na primeira esquina que virei, para ganhar a avenida principal, uma fila de caixotes de ferro se espalham até dar náuseas e logo ali, na esquina mesmo, o saci com cachimbo na mão sorri pra mim e solta aquele assovio infinito.

 

Certamente esta tirando sarro da minha cara, como quem dissesse: O mundo irreal aqui é o seu.

Sim, a paisagem tétrica e ácida trouxe de algum lugar no passado aquele menino de pés no chão e com ele o saci, um efúgio. Entre as andanças pelas alamedas com cheiro de mato, a corrida da vaca brava, o pescar lambari no Paraíba e o comer frutas do pé, caçar saci era o ápice do dia.

 

Ah! Essas alamedas perfumadas (...) um oásis em meio a tanta falta de sentido.

Vambora pegar o saci que ele está na esquina.

 

Por hora, bom dia.

 

 

 

 

Gladyston Costa
Enviado por Gladyston Costa em 05/10/2021
Alterado em 07/12/2021


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