Conhecer para amarA gente fica às vezes com a cabeça na lua, pensando em mil coisas ao mesmo tempo e, não atinamos que o principal não requer surrar os neurônios. O principal é o amor e ele flui naturalmente, não requer manual de instruções e nem fórmulas mirabolantes. E não menos importantes é deixar que a brisa da manhã toque o rosto, apreciar as nuvens no céu, escutar o canto dos pássaros, tomar sol sem pressa, andar sem destino... As coisas que o dinheiro não compra são as mais importantes e significativas.
Outro dia eu estava andando por aí, nessas tantas ruas pela cidade e chovia uma chuva fina de outono, eu via as pessoas caminhando apressadas, no meio daquela segunda feira e, em meio à tantas elucubrações a minha cabeça foi içada a pensar em como há tanta gente no mundo! São oito bilhões de pessoas. Cada qual um único ser individual.
Emblemático nesse aspecto é ver um tanto de carros enfileirados pelas avenidas engasgadas e o mar de prédios de sampa, moldura perfeita para o quadro que aqui desenho com palavras.
Confesso que naquela manhã chuvosa eu estava realmente tocado por sentimentos difusos, cujo fundo principal é a questão do amor e da paixão. Oras, em meio a tantas ruas e tanta gente, por que o caminho de alguém cruza o de outro alguém e dali surge uma relação amorosa e passam a compartilhar o caminho!. E o pior, porque esse caminho pavimentado pelo amor, bifurca e cada qual segue o seu próprio?
Quanto sofrimento!
Sim, esse é um pensamento depressivo, pois o assunto é o desrelacionamento amoroso (licença poética).
Talvez a resposta esteja na questão do autoconhecimento, talvez amamos antes de mais nada aquilo que projetamos no outro, idealizamos no outro a resposta para as nossas necessidades existenciais e, à medida em que mergulhamos no conhecimento do outro, acontecem os desacertos. As revelações sobre o que há nas entranhas da vida de cada um dão pano pra manga e, rende filmes e novelas.
" O que você faz quando ninguém te vê fazendo ou, o que você gostaria de fazer quando ninguém pudesse te ver"
Os atritos surgem sempre pelo fato de as pessoas serem o que são e como são. Geralmente temos a tendência de mostrar só o verniz, só a superfície, só uma visão idealizada de nós mesmos, mas as revelações vêm com o tempo.
Temos virtudes e temos imperfeições em nossos departamentos interiores ( anjos e demônios)
Sim, para além das nossas idealizações e necessidades, o outro é um indivíduo original com as suas próprias demandas de vida e características próprias. O que faz com que os caminhos se separem é a não aceitação dessa individualidade, é o choque de realidade que acontece e torna a coexistência incompatível.
Essencialmente, os relacionamentos fortes e duradouros e, que não são baseados em algum tipo de dependência, são aqueles onde a compreensão e o autoconhecimento são pressupostos básicos.
Mas isso não é um exercício fácil, demanda muita evolução moral e espiritual. Cada qual deve encontrar em si mesmo o que procura, cada qual deve se entender primeiro, para depois conviver com o outro. Exercício complexo em um mundo onde a virtualidade e a superficialidade se impõem cada vez mais. Mundo onde as relações são permeadas por romantismos fictícios…pois bem, somos o que somos e o importante é o processo de evolução.
Passar de fase! Experienciar a vida nos permite isso.
Somos seres naturais e um bom caminho para o autoconhecimento é caminhar na chuva de cabeça vazia de vez em quando, sem pressa e se deixar levar pela consciência. Sentir essa conexão com o mundo é o ponto de partida para entender que há uma existência única em nós. Somos cada qual um mundo à parte e ao mesmo tempo integrantes de um mundo exterior e, evoluir é necessário.Compreensão e autoconhecimento são a base da evolução.
A beleza da vida está em ser e, no relacionamento amoroso entre duas pessoas, está na aceitação e compartilhamento das individualidades intrínsecas (…) dos seus mundos particulares. O amor verdadeiro é a chave para abrir as portas desses mundos individuais e é o que faz surgir um mundo compartilhado, muito mais amplo e repleto de belezas.
Gladyston Costa
Enviado por Gladyston Costa em 12/05/2023
Alterado em 12/05/2023 |