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Águas mornas (Escárnio)

Lentamente a tempestade arrefece. O céu de um cinza muito escuro, que cuspia raios e arrotava trovões, já silencia. O vento que era ventania, agora é um sopro leve de esperança.

 

Naveguei por águas tortas que surravam o casco do barco, a nau prestes a ser engolida para as profundezas do desconhecido. Naveguei solitário e sem velas, o leme já perdido, a esperança quase morta. Naveguei sem um porto seguro à vista, sem um farol para mostrar a direção, o caminho. Mas, quando tudo parecia tão perdido, um sopro de esperança, a farmácia e suas fórmulas mirabolantes.

 

Doses generosas de Rivotril,Carbonato de Lítio e Lexotam afastaram a tempestade e, como num passe de mágica, o mar tornou-se uma pequena banheira de águas mornas e muito calmas.

 

 

Gladyston Costa
Enviado por Gladyston Costa em 19/05/2023


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